MAMÍFEROS
Os mamíferos constituem
uma classe de animais vertebrados,
que se caracterizam pela presença de glândulas mamárias que, nas fêmeas, produzem leite para alimentação dos filhotes , presença de pelos ou cabelos,
com exceção dos golfinhos e de algumas baleias,
que somente na fase embrionária possuem pelos. São animais endotérmicos , O cérebro controla a temperatura corporal e o sistema circulatório, incluindo o coração . Os mamíferos incluem 5416 espécies,
distribuídas em aproximadamente 1 200 gêneros, 152 famílias e até 46 ordens, de
acordo com o compêndio publicado por Wilson e Reeder. Entretanto novas espécies
são descobertas a cada ano, aumentando esse número; e até o final de 2007, o
número chegava a 5 558 espécies de mamíferos.
Acredita-se
que os primeiros mamíferos surgiram no período Jurássico,
entre 176 e 161 milhões de anos atrás, durante o reinado dos Dinossauros.
Novas evidências científicas, entretanto, sugerem que os precursores dos
mamíferos podem ter surgido há pelo menos 208 milhões de anos, durante o
período Triássico Superior.
CARACTERÍSTICAS
O
marco inicial para o reconhecimento científico dos mamíferos como grupo foi a
publicação por John Ray da obra "Synopsis
methodica animalium quadrupedum et serpentini generis". Onde inclui
uma divisão dos animais que possuem sangue,
respiram por pulmão, apresentam dois ventrículos no coração e são vivíparos.
Tal definição ainda hoje se mantém válida, lembrando-se que à época os monotremados não eram conhecidos. Carolus Linnaeus
com a décima edição do Systema
Naturae, cunha o termo Mammaliapara o qual a definição é
essencialmente aquela apresentada por Ray.
E.
R. Hall caracterizou a classe Mammalia como "sendo especialmente
notáveis por possuírem glândulas mamárias que permitem à fêmea nutrir o filhote recém-nascido
com leite; presença de pelos, embora confinados aos estágios
iniciais de desenvolvimento na maioria dos cetáceos;
ramo horizontal da mandíbula é composto por um único osso; a mandíbula se articula diretamente
com o crânio
sem intervenção do osso quadrado; dois côndilos occipitais;
diferindo das aves e répteis por possuírem diafragma e por terem hemácias anucleadas; lembram
as aves e diferem dos répteis por terem sangue quente, circulação diferenciada completa
e quatro câmaras cardíacas; diferem dos anfíbios e peixes pela presença do âmnio e alantoide e pela ausência de guelras".
Muitas
das características comuns aos mamíferos não aparecem nos outros animais.
Algumas delas, porém, podem ser observadas nas aves – uma alta taxa metabólica e níveis de
atividade ou complexidade de adaptações, como cuidado pós-natal avançado e vida
social, aumento da capacidade sensorial, ou enorme versatilidade ecológica.
Tais características semelhantes nas duas classes sugerem que tais adaptações são
homoplasias, ou seja, se desenvolveram independentemente em ambos os grupos.
Outras
características mamalianas são sinapomorfias dos amniotas, adaptações partilhadas
por causa do ancestral comum. Os amniotas, grupo que inclui répteis, aves e mamíferos, são vertebrados terrestres cujo desenvolvimento
embrionário acontece sobre proteção de membranas fetais. Entres as
características herdadas se encontram aumento do investimento no cuidado das crias, fertilização interna, derivados queratinizados da pele, rins metanefros com ureter específico, respiração pulmonar
avançada, e o papel decisivo dos ossos dérmicos na morfologia do crânio.
Ao mesmo tempo, os mamíferos compartilham grande número de características com
todos os demais vertebrados,
incluindo o plano corpóreo, esqueleto interno, e mecanismos homeostáticos.
Os mamíferos exibem também características
exclusivas, chamadas de autapomorfias.
Essas características únicas servem para distinguir e diagnosticar claramente
um táxon. Entre as principais autapomorfias da classe Mammalia estão:
ü
glândulas mamárias;
ü
lactação/amamentação;
ü
viviparidade obrigatória (exceto nos monotremados);
ü
presença
de pelos;
ü
tegumento rico em várias glândulas;
ü
derivações
integumantárias específicas (garras, unhas, cascos, cornos, chifres, escamas, espinhos, placas dérmicas);
ü
posição e
função dos membros são modificados para suportar modos locomotores específicos;
ü
cintura
torácica simplificada;
ü
ossos pélvicos fundidos;
ü
diferenciação
regional da coluna vertebral;
ü
crânio bicôndilo;
ü
caixa
craniana aumentada;
ü
arcos
zigomáticos maciços;
ü
cavidade
nasal com labirinto nasoturbinado;
ü
presença
de nariz/focinho;
ü
palato
ósseo secundário;
ü
coração de quatro câmaras com o arco aórtico esquerdo
persistente;
ü
eritrócitos bicôncavos e anucleados;
ü
pulmões com estrutura alveolar;
ü
diafragma
muscular;
ü
órgão
vocal na laringe;
ü
três
ossículos na orelha média (estribo, bigorna e martelo);
ü
cóclea
longa e espiralada (exceto nos monotremados);
ü
meato
auditivo longo;
ü
aurículas
externas (= orelhas) grandes e móveis;
ü
mandíbula composta por um único osso, o
dentário;
ü
junção
dentária-escamosal;
ü
presença
de um ramo mandibular;
ü
dentes grandes variando em número,
forma e função;
ü
heterodontes;
ü
presença
de dentes molares;
ü
difiodontes;
ü
cérebro aumentado;
ü
maior atividade
e alta versatilidade na função locomotora;
ü
diversidade
de vida social;
ü
aumento
do espectro de reações comportamentais e suas interconecções com o aumento da
capacidade de aprendizado social e individual e diferenciação interindividual;
ü
crescimento
limitado por fatores hormonais e estruturais;
ü
determinação
sexual cromossômica (sistema XY).
ü
"topo"
da cadeia evolutiva, possuindo todos os sistemas completos e reprodução
sexuada.
ü
fecundação
interna.
DIVERSIDADE
Os mamíferos apresentam um número relativamente
pequeno de espécies se comparado com as aves (9 600)
ou com os peixes (35 000), e até
insignificante se comparado com os moluscos (100 000) e os crustáceos e insetos (10 000 000). Seus números estão
mais próximos aos répteis (6 000) e aos anfíbios (5 200). Entretanto, na diversidade
corpórea, tipos locomotores, adaptação ao habitat, ou estratégias alimentares,
os mamíferos excedem todas as demais classes.
O tamanho corpóreo dos mamíferos é altamente
variável, sendo seus extremos a baleia-azul com 30 metros de comprimento e chegando a
pesar 190 toneladas, o maior mamífero já existente; o elefante africano com 3,5 metros de altura e 6,6 toneladas, o
maior mamífero terrestre atual; e o musaranho-pigmeu
e o morcego-nariz-de-porco-de-kitti com cerca de 3-4
centímetros de comprimento e até 2 gramas de peso, os menores mamíferos até
hoje descobertos.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
Os mamíferos estão distribuídos praticamente em
todas as regiões do globo terrestre, incluindo a Antártida, onde focas são
encontradas na sua zona costeira. No polo
norte, têm sido encontrados ursos-polares até 88°N e focas-aneladas têm alcançado as vizinhanças do Pólo Norte.
Mamíferos são encontrados em todos os continentes remanescentes, em
praticamente todas as ilhas, e em todos os mares e oceanos da Terra.
Mamíferos marinhos podem ser encontrados a uma
profundidade de até 1000 metros, enquanto mamíferos terrestres podem ser vistos
do nível do mar até elevações acima dos 6500 metros. Eles estão distribuídos em
todos os biomas, incluindo tundra, desertos, savanas e florestas. Espécies de várias famílias têm se adaptado ao modo de
vida aquático em pântanos, lagos e rios. Eles
estão presentes, tanto abaixo da superfície terrestre, no caso de animais subterrâneos e escavadores, quanto acima dela, nos galhos
das árvores no caso dos animais arbóreos, ou nos céus, através do vôo, no caso
dos morcegos.
A distribuição geográfica dos mamíferos é muito
variada. A ordem Tubulidentata, cujo único representante é
o porco-da-terra é endêmica da África. Os monotremados e quatro ordens de marsupiais estão
confinados à região australiana. Duas ordens de marsupiais são encontradas
somente numa área restrita da América do Sul. As duas maiores ordens, Rodentia
e Chiroptera,
ocorrem naturalmente em todos os continentes, exceto Antártida, e foram os
únicos a terem alcançado muitas ilhas oceânicas. Artiodátilos e carnívoros ocorrem em todos os continentes, exceto
Antártida e Austrália, embora representantes de ambos
tenham sido introduzidos na Austrália. Os cetáceos e os pinipédios são os grupos mais amplamente
distribuídos pelo planeta.
Variação similar ocorre no nível de família e
espécie. Nenhuma espécie de mamífero é naturalmente cosmopolita, ou seja,
ocorra em todo o mundo, embora algumas espécies tenham uma ampla distribuição
cobrindo vários continentes. O lobo e
a raposa-vermelha são os animais terrestres
mais amplamente distribuídos cobrindo grande parte do Hemisfério Norte.
No Novo Mundo, a onça-parda apresenta a maior distribuição, ocorrendo
do Canadá ao Chile. No
outro extremo, certas espécies possuem distribuição restrita, não passando de poucos
quilômetros quadrados, como por exemplo, a toupeira-dourada da África do Sul.
Outros mamíferos apresentam uma distribuição
descontínua. Ela pode ser natural, como é o caso da lebre-da-eurásia que habita as regiões
polares e boreais da Eurásia, mas uma população é encontrada nos Alpes, uma
relíquia da última era glacial. Ou pode ser um fenômeno induzido pelo homem, como
no caso do leão que atualmente é encontrado
em partes da leste e sul da África e na Índia, mas que já habitou o norte da África, Oriente Médio, sul da Europa e sul da Ásia, e até mesmo a América do Norte, no final do Pleistoceno.
A diversidade e a riqueza da fauna mamífera são
influenciadas por diversos fatores complexos combinados, entre eles, a história
evolutiva, o grau de isolamento e a complexidade do habitat.
ORIGEM E EVOLUÇÃO
Os
mamíferos são os atuais descendentes dos sinapsídeos, o primeiro grupo bem
estabelecido de amniotas que surgiu no Carbonífero Superior. Os sinapsídeos
apresentavam várias características mamíferas, notadamente a existência de uma
única fossa temporal de cada lado do crânio e a diferenciação de dentes
molares, mas no essencial, a sua anatomia manteve-se tipicamente reptiliana,
com membros transversais, coanas e uma pequena cavidade neurocraniana.
A
classe Sinapsida compreendia duas ordens: a Pelicosauria, um grupo mais
primitivo; e a Therapsida,
chamada também de répteis mamalianos evoluídos, que representam a transição
para os verdadeiros mamíferos. Dentro da última, encontram-se os cinodontes,
grupo que serviu de transição entre os répteis e os mamíferos. Nos cinodontes
observam-se vários traços mamalianos, como a fossa temporal aumentada, o número
de ossos que forma a parte superior do crânio é reduzido, diferencia-se o
palato secundário, a parede do neurocrânio modifica a sua organização, e os
dentes tornam-se cada vez mais complexos e especializados.
Os
primeiros mamíferos, ou mamaliformes como são tipicamente conhecidos,
apareceram no período Triássico.
Durante todo o restante da era Mesozoica, estes primitivos mamíferos,
conhecidos em sua maioria por poucos esqueletos e de considerável número de
crânios, mandíbulas e dentes, foram animais de tamanho diminuto e
ecologicamente insignificantes. Entretanto, sua contribuição foi especialmente
importante para a evolução, pois foi durante o final do Jurássico e início do
Cretáceo que estes animais estabeleceram as características básicas mamíferas
que levaram a uma tremenda variedade de formas que viveram durante a era
Cenozoica.
Houve
dois grandes períodos de diversificação dos mamíferos durante a era Mesozoica.
O primeiro, englobando o final do Triássico e o Jurássico e estendendo-se pelo
Cretáceo Inferior, produziu formas de transição do estágio reptiliano para o
mamífero, conhecidas como 'mamaliformes', que em sua maioria, não sobreviveu além
da era Mesozoica. A segunda radiação, a qual ocorreu no Cretáceo Médio, foi
composta de mamíferos mais derivados, ou seja os verdadeiros mamíferos,
incluindo os primeiros térios.
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